Artigo: Visibilizando mulheres negras na aviação no Brasil

Formatura da primeira turma do projeto Pretos Que Voam

Resumo

O campo da aviação ainda é um espaço segregador para as mulheres,  principalmente,  as negras. Este artigo apresenta os resultados da Pesquisa Exploratória “Visibilizando mulheres negras na aviação no Brasil”, realizada durante o período em que participava do Programa de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas: Marielle Franco, patrocinado pelo Fundo Baobá. Os pressupostos metodológicos da pesquisa se ancoraram na História Oral e a estratégia utilizada para a coleta de dados foi a entrevista narrativa, da qual participaram seis ?? mulheres negras que atuavam no campo da aviação. As depoentes trouxeram à evidência as barreiras sociais e profissionais para atuarem no setor, o que nos levou a afirmar o forte impacto do racismo e sexismo que marcam as suas vivências. 

Palavras Chave:  Campo da Aviação – mulheres negras – História Oral – racismo – sexismo

Abstract

Introdução

  • História da aviação – breve
  • Aviação no Brasil – aviação um setor fechado (custo/ mercado presença de empresas no Brasil).
  • Dados (número de pilotos, comissários etc.)
  • Lacuna em termos científicos (faltam artigos sobre essa área, principalmente, aqueles que discutem o lugar das mulheres e, especialmente, de mulheres negras na aviação).  Por isso, o seu interesse em apresentar um projeto ao Fundo Baobá e o artigo faz parte das atividades desse projeto. 

Objetivo do artigo….. (já descrito no resumo)

Parte 2 – Desenvolvimento

2.1 – As mulheres e a aviação 

  • Questões de gênero: se tiver alguma literatura para citar.
  • Mercado fechado para os homens, brancos, se souber faixa etária pode destacar.

2.2 – As mulheres negras e a aviação 

  • racismo, desigualdades sócio-raciais historicamente construídas que colocam as mulheres negras na base da pirâmide social;
  • Dificuldade de acesso das mulheres a educação e formação em uma área como a aviação; 

3.  Visibilizando histórias de mulheres negras na aviação

3.1 – A Pesquisa exploratória –

  • o que é? Conceituar 
  • aspectos metodológicos (entrevista narrativa, como foi feita, tempo de duração, local, informar que foram transcritas);  
  • Sujeitas de pesquisa – as Mulheres Negras
  • Quem são? Por que escolhidas
  • Como serão identificadas no artigo: codinome ou entrevistada 1; entrevistada 2; 
  • se der para fazer um pequeno quadro: idade, local de nascimento, tempo de trabalho na aviação).

3.2 Alguns achados da pesquisa

3.2.1 – Inserção de mulheres negras  na aviação

3.2.2 – vivências de discriminação no trabalho (trazer as vozes das mulheres)

3.2.3 – o cabelo como marcador da identidade negra e motivo de discriminação (estética negra).

4.  Considerações

5. Referências Bibliográficas

 http://www.bessiecoleman.org/bio-bessie-coleman.php

Fala do Paulo guedes:

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/02/domestica-nao-tem-como-ir-a-disney-com-salario-de-r-1200-diz-entidade.shtml

Racismo nas companhias aéreas : https://www.instagram.com/tv/CGvX_2oAhjO/?igshid=wcp0u46gkniv

https://www.instagram.com/tv/B8MUKUzHoSW/?igshid=1h833yjt5dc3n

https://instagram.com/atelienanassa?igshid=c9os7bgqhpz7

https://g1.globo.com/bahia/noticia/ator-erico-bras-ganha-acao-de-dano-moral-apos-ser-retirado-de-voo-na-bahia.ghtml

https://www.anac.gov.br/acesso-a-informacao/dados-abertos/areas-de-atuacao/pessoal-da-aviacao-civil/licencas-emitidas

(policial se refere a uma pessoa sem respeitar o gênero, toma o celular de uma mulher, 

(ausência de mulheres negra na primeira turma latam)

(“Depois que começaram a vender passagens nas Casas Bahia, ficou foda andar de avião!”)

https://www.brasildefato.com.br/2021/04/21/tratada-como-mula-do-trafico-de-drogas-haitiana-gravida-morre-em-aviao-da-gol?fbclid=IwAR0yp6ZXRssega8vpR818oAYEz111wrDvB7LdMgRJiHxaDyNNN32wF43G8U

(morte de mulher negra grávida em avião)

http://esquerdadiario.com.br/Latam-e-condenada-em-caso-de-racismo-sofrido-por-ex-funcionario?var_mode=calcul

A história da aviação

Sempre houve um encanto a cerca de voar, desde os primórdios o homem tenta desvendar tal feito dos pássaros como temos na lenda de Ícaro, ou os experimentos de Leonardo D’Vinci.

Esse lado lúdico da aviação  é ainda conservado em alguns aspectos e justamente por ser considerado o avião algo surpreendente esse espaço vem acompanhado de regras e exclusões.

Primeiro voo registrado foi em  23 de outubro 1906 realizado pelo mineiro Alberto Santos Dumont em Paris, embora a controvérsias e discussões sobre o feito já que temos também na história os irmão Whrite que também alegam ser os pioneiros embora o voo deles foi catapultado  ao contrário do 14bis, como brasileira entendo também a dificuldade do mundo de aceitar que tal feito foi realizado primeiramente por um brasileiro do interior de minas gerais, afinal isso mexe com ego dos grandes potências.

Como toda grande criação logo foi aprimorando e foi usada pelos homens  para guerras para matar, o que levou Alberto Santos Dumont a uma depressão terrível. 

Em 1921 um incidente de linchamento não resolvido, levou seis pilotos brancos lançaram bombas no rico distrito negro de Greenwood em Tulsa, incendiando a cidade e matando 75 tulsanos, dois terços dos quais eram negros. Foi a primeira vez na história que aviões foram usados ​​para atacar uma comunidade americana e essa comunidade era negra.

Saindo do contexto de guerra e indo para contexto do papel das mulheres nesse cenário temos Bessie Coleman negra  nascida em Atlanta no Texas em 26 de janeiro de 1893 O que conecta na mesma epoca 1921 era a unica pessoa negra a ter licença de pilotagem internacional nos Estados Unidos.

Bessie não foi aceita pelas escolas de aviação dos EUA por ser mulher e negra, então estudou francês e foi para Paris para se tentar se tornar uma aeronauta, então em 1921 recebeu na França sua licença para pilotar aviões e se tornou a primeira mulher negra americana a ter esse título.

“Eu sabia que não tínhamos aviadores, nem homens nem mulheres, e sabia que os negros precisavam ser representados ao longo desta linha tão importante, então pensei que era meu dever arriscar minha vida para aprender aviação.”

Amile Earth aviadora americana  branca ficou conhecida como a primeira mulher a realizar sozinha a travessia no atlântico em 1932, e embora tenha realizado seus feitos após à “Rainha Bessie” ela é reconhecida pela maioria como a primeira mulher aviadora.

Assim como Santos Dumont, Bessie Coleman teve seu feito não convalidado pelo mundo por fazer parte de uma minoria.   

Aviação no Brasil 

Eu nunca voarei livre enquanto eu tiver consciência que outras irmãs e irmãos sequer conseguem sonhar com tirar os pés do chão, eu nunca terei céus de brigadeiro enquanto continuar sendo questionada por pessoas negras se o fato de ser quem somos dificulta a decolagem.”Laiara Amorim

Façamos uma retrospectiva da aviação no Brasil,  esse espaço sempre foi muito  glamourizado  pela branquitude e durante décadas foi um espaço completamente dominado pela elite, existiu trajes para que uma pessoa pudesse frequentar um aeroporto e hoje ainda aqueles que fomentam esses estereótipos como o título ” o tempo áureo da aviação”.

O tempo passou a economia mudou e nós negros fomos ocupando esse espaço timidamente como passageiro e como tripulantes, Mas por ser um ambiente com descendência militar e um ambiente de herança ou seja Fulano é piloto porque, o pai era piloto, porque o avô era pelo outro e por aí vai, O que torna difícil a mudança de comportamento e de pensamentos nesse espaço.

Estou na Aviação ao bom tempo e para mim sempre foi nítido a discrepância gritante e vergonhosa da quantidade de negros no setor hoje nós somos menos de 5% ocupando este espaço e quando se fala de mulheres  pilotas sao cerca de 2% em relação as mulheres brancas, o coletivo quilombo aereo nao encontrou nenhuma mulher negra empregada atualmente. 

No mês de outubro de 2020  eu tive a oportunidade de conhecer um senhor negro que trabalha na Aviação especificamente na limpeza de aviões há 10 anos, ele estava indo para um outro estado vizinho fazer o que chamamos de bate-volta que é quando você vai e volta para o mesmo lugar num espaço curto de tempo, conversando com ele durante o voo Ele me disse que estava indo para essa essa cidade ajudar na limpeza daquele avião inclusive porque lá não havia pessoas para fazer o serviço naquele dia,  Durante a preparação da cabine notei que ele estava um tanto inquieto e um pouco vislumbrado então eu perguntei Quantas vezes o senhor já viajou de avião e ele sem graça mas feliz me respondeu essa é a primeira vez em 10 anos que eu entro num avião e saio do chão porque todas as vezes eu entro limpo e saio, essa não é uma história singular é a história de muitos negros que trabalham pelas limpezas de aviões ao redor do Brasil conheci vários que nunca tiveram oportunidade de viajar dentro do equipamento que eles cuidam e Muitas vezes são pessoas invisíveis inclusive para as  tripulações que sequer dão um bom dia ou oferece uma água a esses profissionais.

Fatos que comprovam a importância dessa ocupação  é  por exemplo o do ator Érico Brás do Rapper Froid e da atriz,cantora e compositora Preta Ferreira que teve a passagem comparada por seu empresário e Naiana Souza trancista  que foi retirada de dentro de um avião em salvador por suspeita de fraude no cartão de crédito, aproveito para frisar que também nesses oito anos eu nunca vi alguém ser desembarcado a não ser por motivos de segurança ou infração das leis federais dos aeroportos e aí vejo uma mulher preta ser desembarcada. Atos como estes acima  reafirmo uma teoria que criei me chamo de “síndrome do Navio Negreiro”  essa teoria tem dois pontos de vista.

Ponto de vista número 1:

A maioria dos negros quando entram no avião se sentem desconfortáveis naquele ambiente, não se sentem pertencentes, não recebem o atendimento Igual aos demais passageiros brancos, sentem vergonha de coisas básicas como por exemplo pedir um copo de água,  perguntar como se utiliza o banheiro do avião muitos nem sabem que tem banheiro no avião, alguns  como o caso do Senhor que eu citei acima acreditam estar ali somente para efetuar a limpeza sem ter direito algum de usufruir também daquele transporte.Nossas memórias são ancestrais logo se as ferramentas coloniais se reinventam através das tecnologias nossas memórias  traumáticas são reativadas, memórias estas que fazem em parte de um passado colonial porém estão presentes de uma forma moderna.

Ponto de vista número 2:

Este se trata do ponto de vista dos brancos  que nos olham quanto sujeitos inferiores e nos diminuem dentro daquele espaço, não dão mesmo tipo de atendimento para passageiros brancos e passageiros negros, fazem piadas extremamente preconceituosas, pedem para trocar de lugar, usam a expressão que aeroporto virou rodoviária como se nós negros só tivéssemos o direito de viajar de ônibus, e isso engloba não só consumidores brancos como também os profissionais brancos da área. 

E por que eu nomeio  isso de síndrome do Navio Negreiro primeiro porque nós negros subconscientemente nos sentimos mais à vontade aglomerados em ônibus com os que são iguais a nós por que está entre os nossos muitas vezes  nos deixa confortáveis e  Seguros, e pela falta de representatividade profissional nesse setor, se eu não me vejo se eu não me sinto representado como farei parte deste espaço, o que nos leva a essa reflexão subconsciente de como os nossos ancestrais vieram parar nessa terra aglomerado dentro de porões de navios Negreiros e fizeram o impossivel para sobreviver juntos.

O segundo ponto de vista é dos brancos para conosco, de manter a idealização do glamour e embutir nessa glamourização que aquele espaço não é dedicado aos negros porque para eles nós não temos glamour, e também subconsciente relembrar que os seus descendentes vieram para cá de navio porém em cabines luxuosas, com boa alimentação e servidos pelos negros sequestrados de África, na cabeça  desses brancos inconscientemente e inaceitável que agora trabalhando neste espaço de Elite e “glamour” eles tenham que servir os negros. Logo  quando eu escuto um passageiro ou um profissional da área da aviação falar ao olhar para os negros pardos e índios que o aeroporto virou uma rodoviária é o mesmo que nos condicionar ou nos condenar ha só nos locomover em  condições de  transportes inferiores aos que eles quantos brancos utilizam.Voar é uma ferramenta de descolonização é uma reinvenção do movimento e do retorno.

Convido a uma reflexão sobre o papel social da Aviação Civil que está para além de entrar no equipamento e simplesmente voar, está para o estudo da geografia na prática, está para retornar a África e conhecer o nosso berço e as histórias não contadas pelos colonizadores,Conhecer a história dos reis e rainhas que nos antecederam e poder mais

que compreender viver o fato de que não somos descendentes de escravos somos descendentes de povos escravizados, voar está para o nosso direito ao turismo a também querer conhecer os pontos turísticos fazer fotos clichês no  mais divulgados  como elevador lacerda,cristo redentor,Torre Eiffel, Disney, Roma E tantos outros que muitos de nós só vimos nos livros didáticos, nas escolas fundamentais europeias é comum que os professores levem os alunos em viagem pela Europa para conhecer a história na prática, então eu Trago essa reflexão sobre os professores no Brasil também terem acesso A esse trabalho de campo onde possam levar os alunos periféricos a conhecer as histórias do nosso país, uma coisa é você saber que a Amazônia existe outra coisa é você ter a oportunidade de estudar ciências, biologia aprender sobre a flora ,fauna e a geografia da Amazônia na Amazônia.

A aviação faz com que o mundo seja menor, mas não basta diminuir as distâncias geográficas se aumenta as distâncias sociais.

…..falar sobre a fala preconceituosa de paulo guedes sobre domésticas irem a disney…..

Um dos principais requisitos para uma vaga como tripulante de cabine é: Amar servir, respeitar as diferentes culturas, respeitar as diversidades,ter flexibilidade e inteligência emocional para lidar com as situações adversas.  

Mas de quais culturas e quais situações os requisitos se referem uma vez que a violência estética acontece com a maioria das mulheres negras empregadas neste setor.  As populações indígenas e de diáspora africana são alvo do racismo, do preconceito e das abordagens constantes no raio x e nas alfândegas migratorias.

Como nós mulheres negras entenderemos esses requisitos que fazem parte inclusive da missão e valores de algumas empresas do ramo,  nos treinam e nos ensinam que devemos respeitar e amar essas diferentes culturas mas não nos amam, não respeitam a nossa estética, se referem ao nosso cabelo como modinha, nos forçam estruturalmente a passar por um  processo de embranquecimento  nos Auto violentando quimicamente. A quais  culturas se referem as empresas?

O idioma é usado como régua de eliminação visto que nos vôos nacionais dificilmente é usado. E em voo internacionais funciona com hierarquia, logo ninguém que entra hoje na aviação amanhã estará fazendo um voo internacional. Nós como sujeitos colonizados temos que aprender o idioma do colonizador inclusive a exata pronúncia de como eles falam,que melhor forma existe  de colonizar e monopolizar o setor uma vez que para quê sujeito negro seja aceito ele precisa pensar como colonizador, falar como o colonizador e se aproximar  o máximo da estética Colonial. A aviação adotou o inglês como idioma Universal para  tripulantes do mundo inteiro. 

O quilombo Aéreo

“Se vocês, homens de Asante, não vão em frente, então nós vamos. Apelo às minhas companheiras mulheres. Vamos lutar contra os homens brancos. Vamos lutar até que a última de nós caia no campo de batalha” Lourenço Coelho O Quilombo page 228

 O quilombo aéreo nasceu no fim  2018 Da União de duas mulheres negras movidas pela dororidade, muito antes das mulheres negras conseguirem acessar o setor já havia alguns homens negros neste local que mesmo inconformado com as dificuldades raciais enfrentadas durante suas trajetórias, Se negaram a se organizar coletivamente em prol da discussão da pauta Racial e ausência de negros no setor.

(desenvolver mais a ppartir Abidias do Nascimento) Quilombismo

Quando a aviação fala de diversidade e inclusão ela está se referindo ao homem branco gay.

As mulheres na aviação 

Um manual de comissários tem mais de mil páginas, e uma comissária deve dominar todo conteúdo, para que cada voo saia perfeitamente. 

Somos agentes de segurança prontas para lidar com qualquer emergência a bordo, seja ela médica, ou panes técnicas do equipamento, fogo a bordo, despressurização, turbulências severas, etc…

Diante disso me preocupa muito a questão da hipersexualização da profissão, afinal como somos retratadas em filmes, revistas, e nos fetiches na cabecinha de quem viaja, isso acaba nos distanciando do nosso real papel a bordo das aeronaves.

E ao distanciar colabora para desrespeito de regras e assédios aos profissionais. Não estamos ali só para servir o lanche como muitos pensam, o lanchinho faz parte da hospitalidade que queremos passar quando recebemos alguém na nossa casa. 

Então porque reduzir nossa profissão a uma representação sexista do que de fato é? Será que de alguma forma nós damos manutenção para essa representação? Como podemos nos educar e educar toda uma sociedade quanto ao real valor e papel dos comissários de voo?

Barreiras estéticas como corpo dentro dos padrões normativos.

….Falar sobre como os padrões estéticos sobrepõe a segurança exemplifica  uso de maquiagem e meia calça que são altamente inflamáveis e nos coloca em risco no caso de Fogo e das recomendações da empresa de em uma situação de emergência retirar a maquiagem e a meia-calça antes.Falar sobre o processo  das comissárias da Gol que  ganharam judicialmente o direito de não usar maquiagem uma vez que nos coloca em risco reforça um padrão de hipersexualidade e a empresa exige das mulheres o uso porém não há ressarcimento do valor pago com maquiagem e unha ao passo que para os homens recebendo o mesmo salário nada disso exigido. 

Desenvolver e relacionar com  sobre sexismo, interseccionalidade……

As mulheres Negras na aviação  

Postulamos que existe uma intensa relação entre o acesso massivo de mulheres em uma determinada profissão ou ocupação (feminilização, contabilidade de pessoas de sexo feminino ou fêmeas) e a progressiva transformação qualitativa da mesma (feminização, caracterização e tipificação de uma ocupação ou profissão). Com o ingresso massivo de mulheres, diminuem as remunerações e o trabalho perde prestígio social. Sob outra perspectiva, quando as profissões se feminilizam, passam a ser entendidas como extensão no espaço público da função privada de reprodução social (função dos cuidados). (Yannoulas, 2011, p. 284) 

Ser mulher negra de periferia, ser negra lésbica, ser quilombola…. Torna mais complexa a nossa presença no mundo e também a nossa percepção de mundo. Em uma sociedade racista e sexista, nossa existência é condicionada à nossa capacidade de  resistência. Então, nossas ações e decisões políticas tem este compromisso de gerar, manter, garantir e ampliar nossa vida e das demais minorias, nós mulheres negras conseguimos trazer para as deduções políticas nossa humanidade e especificidades sem desumanizar os outros sujeitos.

Eu cruzo aqui a história de duas mulheres brasileiras, uma branca e uma negra com a história de Bessie e Amélia.

Ambas iniciaram a sua formação na mesma faculdade ao mesmo tempo, finalizando o curso superior de pilotagem na mesma época. 

A mulher branca saiu da faculdade enfrentou dificuldades pelo machismo  e pouco tempo depois ingressou no mercado de trabalho, foi destaque em vários momentos em mídias internas e em diferentes companhias,tornou-se pilota comandante recebeu oportunidade de voar fora do Brasil,Retornou durante a pandemia para uma empresa de prestígio com cargo Que viabilizou oportunizar equidade de gênero dentro da aviação,Ela se tornou a primeira mulher pilota neste cargo.

 A mulher negra ao sair da faculdade só conseguiu ingressar no mercado efetivamente 10 anos depois.Foi alvo de racismo,sexismo e assédio sexual. Mesmo sendo a primeira mulher negra com a formação dentro da qualificação que ela escolheu, nunca houve honrarias. Durante a pandemia perdeu o emprego e foi obrigada a retornar para para casa de seus pais e para sua cidade natal sem nenhuma perspectiva de retornar à área tão breve,mulheres negras têm maior dificuldade de se qualificar em função das várias obrigações assumidas: trabalho precoce em outra área diferente da almejada para garantir a sobrevivência;  necessidade de prover e cuidar da família, além do custo dos cursos.

consegue perceber que como uma vez os europeus subjugaram nosso povo como pecadores, uma raça que não merecia a liberdade, e o que é voar, se não os sopros da própria liberdade nas suas asas, dizendo vai e não volte, no chão não existe espaço suficiente para caber sua grandeza. Hoje os descendentes daqueles que nos colocaram grilhões nos pés, continuam tornando mais difícil, alcançarmos a nossa liberdade em sua totalidade, mas como pássaros nunca esquecem a sensação de voar, nunca vamos desistir de ter o que é nosso por direito, ocupando todos os espaços de poder, quebrando todos os preconceitos e paradigmas que a nossa pele carrega.

o que cabe dentro dos padrões de diversidade mulheres negras,não retintas,com cabelo alisado 

 Bessie Coleman teve seus feitos invalidados pela aviação branca embora o seu papel para construção e desenvolvimento da aviação nos Estados Unidos tenha sido de suma importância, uma vez que Bessie Coleman lutou pelos direitos civis dos negros no céu mas também em terra firme, Foi Pioneira em voos acrobáticos, foi a primeira mulher negra com registro a comprar um avião. 

como aviadora, ela era uma ameaça aos brancos que valorizavam sua superioridade racial e, como piloto mulher, ela ameaçava o ego dos homens negros “.  Doris Rich, em seu livro sobre Bessie

Representatividade por Gênero 
Curso ou Carteira ou HabilitaçãoHomensMulheres% Mulheres
Piloto Privado6609163719%
Piloto comercial13800032832.3%
Piloto Helicóptero181475202.7%
Piloto de linha aérea415909922.3%
Comissário de bordo122402421166%

 Pesquisa exploratória: A pesquisa nasce do desejo de levar a debate a situação atual das mulheres negras no setor aéreo brasileiro, levando em consideração a inexistência de dados estudos sobre a contribuição da população negra para o setor e a falta de estudos e dados acerca do afro Turismo.Pelúcida a necessidade de se falar sobre a saúde mental as violências e a ausência que mulheres negras sofrem na escolha de atuarem na Aviação.

Entrevistas: Desenvolvida a partir de 3 caminhos 1- Semi-estruturadas Realizadas por gravação online com duração em média de uma hora e meia e transcritas, 2-Dados recolhidos a partir de o formulário/questionário anônimo realizado com profissionais da área. 3-outros dados colhidos a partir de experiências pessoais e situações cotidianas e vivenciadas por mim enquanto pesquisadora. 

 Quem são as mulheres entrevistadas? 

São mulheres negras, que trabalham ou já trabalharam na Aviação,foram escolhidas a partir de suas vivências e histórias que antecedem a aviação, São mulheres diversas no sentido do colorismo, peso, idade e textura capilar. Por enquanto identificadas como entrevistada 1,2,3 e assim sucessivamente.

NomeNaturalidadeIdadeTempo de carreira na aviação
Entrevistada 1 keniaRio Grande do Sul3912 anos
Entrevistada 2 kissySão Paulo253 anos
Entrevistada 3 veronica PilotaSão Paulo36+10 anos confirmar
Entrevistada 4 LuanaSão paulo202 anos
Entrevistada 5 AlineMinas Gerais4520 anos
Entrevistada 6 Karla PilotaMinas Gerais33nunca trabalhou
publicado
Categorizado como Artigo

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